
Você já fez algo que te deixou emocionada ou emocionado com a sua própria capacidade? Eu já, algumas vezes. A mais marcante é, sem dúvida, ter parido minha filha em casa.
Mas, dia desses, eu fotografei a Naiara Lemos. A Nai é uma mulher atenta aos próprios processos, que olha pra baixo quando olha pra dentro, que ajuda várias outras mulheres a se encontrarem consigo mesmas em seus caminhos. Além disso, ela é bem-humorada, divertida, fala bem, tem um abraço gostoso, é uma mãe incrível. Não faltam qualidades e imperfeições nessa mulher tão intensa e profunda. Pois bem. Nós resolvemos fazer as fotos na Catedral de Brasília. Já imaginou uma mulher nua na Catedral em plena luz do dia? Pois imagine, porque foi exatamente isso que aconteceu (pergunte-me como!).
E num dado momento, já no finalzinho desse ensaio que foi cheio de emoções, lágrimas, sentimentos, abraços, trocas e entregas, eu fiz uma foto, essa aí que vocês está vendo. E vou te contar: eu não consegui conter minha emoção quando eu vi a foto que eu tinha feito, na tela da câmera. O choro veio imediatamente, incontrolavelmente, por algum tempo. Nai me abraçou, e eu me permiti desaguar minha alegria de ter feito essa foto.
Me permiti, no abraço dela, celebrar meus processos todos, que me levaram, até agora, até aqui. Me permiti dizer pra mim mesma que eu sou muito boa e que o trabalho que eu faço é, sim, muito bom também, por mais que às vezes eu tenha dificuldade de acreditar. Naquele momento, eu não tive dúvidas. Naquele momento, mandei a modéstia embora, o medo embora, a baixa autoestima embora, junto com todas as lágrimas que lavaram tudo isso. Eu fiz uma foto muito foda e eu me permiti sentir a emoção da minha própria capacidade, ali, nos (a)braços dessa mulher tão potente que é a Nai. Nosso encontro foi pura potência, e tá aí a foto pra provar.